sábado, 22 de setembro de 2012

O caso do Espelho

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Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata.
Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho nas mãos:
- Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui?
- Isso é um espelho - explicou o dono da loja.
- Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai.
Os olhos do homem ficaram molhados.
- O senhor... conheceu meu pai? - perguntou ele ao comerciante.
O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.
- É não! - respondeu o outro. - Isso é o retrato do meu pai. É ele, sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito?

A loira do banheiro



Mas eu nasci no interior de São Paulo. Difícil realizar um sonho desses. Quando eu tinha dezessete anos, comecei a ler histórias de terror. Conheço todos os grandes mestres do suspense: Edgar Allan Poe é meu preferido, em segundo lugar está Bram Stocker, criador de Drácula.
Durante vários anos vivi todas as emoções mais intensas, o medo, o amor, o perigo, lendo livros ou sentado no cantinho escuro de um cinema.
Sou um cara de sorte. Trabalho com aquilo que mais gosto: livros. Atuo como divulgador de uma grande editora. Percorro as escolas mostrando os lançamentos, contando as histórias, enfim, sou pago para ler, veja só. E sempre que eu tentava vender uma boa história de fantasmas, depois fechava o livro aliviado e comentava com os professores: escritores têm tanta imaginação... Já pensou se tudo isso fosse verdade? Até o dia em que descobri que o mistério nos ronda, nos assombra, também fora dos livros e dos filmes. E se os fantasmas existirem? Afinal, há histórias assim no mundo todo...  Essa dúvida me persegue e tudo